A vida escorre pelo tempo, como um lapso.
Assim vemos escapar nossas angústias, medos e desejos...
Pela penumbra, ainda é possível ver a alma nua.
A esperança que flutua e a flor que brota.
Nos desertos longínquos...
Somente estas lembranças afagam o que te escrevo.
Enquanto tudo ultrapassa veloz...
Nada nos condena, nem o sol que ao meio-dia protagoniza a cena.
Enquanto as rimas se perdem, eu me encontro.
Desliza pelos instantes o véu que cobre as nossas faces.
Um raio de luz, quase nos revela...
Mais é tarde, e a pressa lhe distrai.
A glória das flores, continua intacta.
E recria-se tempo para deitar na relva e aceitar tranquilamente o amor.
Estas palavras que nunca saíram da minha boca.
Respeitei os ouvidos fatigados ?
Ou por reverenciar o silencio eu tenha me calado...
Quero apenas que você me leia. Não compreendes?
Sentir como tudo se move, agita e depois lentamente morre...
Apesar de viver a minha caça, na escavação da minhas complexidades, eu ainda tenho sonhos.
Não os mesmos sonhos do mundo, graças a Deus!
Se bem que tenho apenas uma leve idéia do que seja os sonhos do mundo...
Então seria prepotência eu me atirar com mais convicção neste assunto.
O cansaço me liberta agora - Estou resignada pelo êxtase destas linhas.
Amanhã talvez...
Ou quando a última flor desabrochar majestosa, dentre os espinhos que a protegem como um manto que fere...
E depois de todo amor que há na terra se cumprir, poderemos de alguma forma revelar cumplicidade.
Como tudo que julgamos imortal.
Alba Simões