06/10/2011

As Vitrines Utópicas

Onde escondemos nossas alegrias?
Talvez no silêncio, ou na lágrima contida...
Ou nas derradeiras horas não vividas.
Será que nos escondemos, ou apenas disfarçamos?
Seguindo pelos penhascos dos medos, nos escombros dos sonhos...
Esquecemos nossa coragem, e ficamos  desatentos nesta  berlinda.
Onde o amor se perde cada vez mais e mais...
Protagonizamos glórias como heróis, mas vamos
sendo derrotados como bizarros fantoches de um sistema
cabotino, sagaz e hipócrita.
E ao acordar nos sentimos como números ou peças emperradas numa engrenagem gigante!
Por detrás das cortinas, ao retirar a máscara pesada, percebemos nossa grande e deprimente atuação.
Personagens aplaudidos pelas mãos que nos manipulam.
E isto é a vida?
Nada para além desta marcha, patrocinada pelas vitrines das ilusões?
No cotidiano dos controles, acordamos com o remoto nas mãos, e não percebemos que há vida lá fora. 
Uma vida real, plena de possibilidades de nos humanizarmos...
Há belezas além destas fronteiras impostas, quase a nos robotizar...
E o tempo continua, sem freios...
Não há teclas Slow, ou pause na trajetória da vida!
Não podemos congelar a cena, então vamos vivê-las!
Da melhor maneira que pudermos.
Resgatar nossos verdadeiros sonhos, e arriscar todos os nossos sentidos!
Alegrias e tristezas certamente farão parte deste nosso percurso!
O maior desperdício consiste na triste acomodação de não pensarmos, agirmos e sermos tudo aquilo que realmente somos!
Alba Simões
Texto inspirado pelo filme: A Ilha
Sinopse: No futuro existe uma entidade utópica baseada na vida do século XX!, que procura recriá-la nos mínimos detalhes. Lincoln Six Echo (Ewan McGregor) vive nesta realidade e, como todos seus residentes, sonha em chegar em um local chamado "a ilha", o único ponto não contaminado do planeta. Após descobrir que todos os habitantes são clones, que possuem a única finalidade de fornecer partes de seu corpo para seres humanos reais, Lincoln decide escapar juntamente com Jordan Two Delta (Scarlett Johansson).

15 comentários:

  1. Olá Alba!

    A alegria se esconde nas fendas do tempo perdido, na felicidade que não acordou a alma para sorrir.

    Um abração.

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  2. Olá Antonio.
    São estes paradoxos que devastam a essência da alma!
    Obrigada pela presença e comentário!
    Grande abraço!

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  3. Excelente critica, amiga Alba.

    Quando estamos alegres, extravasamos.
    Quando em silencio, o encontro é lá dentro, com os pensamentos intocáveis, muitas vezes até conflituosos, outras apenas reflexivos.
    Quanto às manipulações, esta passagem me fez lembra que hoje li sobre esquemas de corrupção no judiciário. Pensei na doença cronica desta nação. E que num sistema como este somente o povo saí perdendo, pois busca soluções que são interceptadas por favorezinhos inescrupulosos.

    Beijos

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  4. Querida Sissym.
    Pertinente e sábio comentário...
    Realmente encontramos respostas no silêncio.
    Acredito que os conflitos sejam inevitáveis, quando estmos em busca de novos valores,
    que sempre nos beneficiam contradizendo a marcha aflita de um sistema conturbado!
    Pois encontramos a verdadeira felicidade, quando simplificamos nossas vidas em atitudes pensamentos e ações!
    Amiga, muito obrigada pela presença e comentário valoroso!
    Beijos com carinho

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  5. Querida Alba,
    Passo para tentar recuperar o tempo e alimentar a minha alma de coisas belas.
    Ah! Esse tempo desenfreado que nos faz correr em busca, as vezes do tudo, noutras, do nada...
    Entretanto, é sempre melhor a incessante busca, à acomodação do nada ser.
    Se no Travessia se revela sempre o meu ser mais racional, aqui no Arte, reencontro o meu ser essencial.
    Beijo querida.
    Bom final de semana.

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  6. Olá Beth querida!
    Perfeita sua observação!
    Vivemos em uma era de controvérsias!
    O importante é buscar o melhor caminho para o equilibrio.
    É um honra trabalhar para este reencontro que você citou!
    Um ótimo fim de semana pra você!
    Beijos com carinho

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  7. Maravilhosa reflexão, Querida Alba!

    Nosso processo de desumanização está tão avançado que nem nos apercebemos mais que isso ocorre. Achamos que tudo está onde deveria estar... Grande engano...

    Nos satisfazemos hoje com a ideia de mulheres de plástico, homens anabolizados, visão do politicamente correto, onde tudo se é permitido e, diante de tal hipocrisia, criam-se mais pré-conceitos, discriminações, antipatias por grupos que antes nem notávamos a existência.

    Talvez não haja mais volta; talvez uma guerra nuclear nos dê a chance de resgatar valores que perdemos (daqui uns quinhentos ou mil anos); talvez simplesmente continuemos assim; singrando estes mares do desamor, da desvalia e do egoísmo apenas por comodismo ou incapacidade, legando às futuras gerações o conceito de que tudo que é belígero, egocentrista, imprudente e libertino é que deve ser considerado pilar social, cultural, pessoal...

    Sem melhoras, o que mereceremos no futuro, na melhor hipótese, será o olvidar.

    Um beijo!

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  8. Somos manipulados de todas as maneiras possíveis. Mesmo daquele modo que ainda desconhecemos.

    Mas também não somos capazes de fazer frente às formas de manipulação de que temos consciência. A nossa impotência é absoluta perante a voz infernal dos media e de toda a hierarquia socioeconómica que nos rodeia. Por isso apenas fugimos dela, outros não compactuam com ela e são marginalizados.

    Longe de defender o conceito "se não os consegues vencer junta-te a eles", penso que a mudança deverá passar, não pela oposição explicita, mas pela alteração das nossas ações (pessoais e enquanto sociedade: acesso fácil à educação, p. ex.) e isso implicará a consciencialização de todo o processo. Parece-me um processo moroso, mas o mais eficaz. Até lá, cada um por si, terá que fazer a sua parte no pequeno mundo que o rodeia (normalmente a família) e lutar pela felicidade.

    Belo texto, Alba.

    Abraços!

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  9. @Cigano Luz
    Querido amigo, perfeita a sua observação.
    Vivemos na era da hipocrisia e esta conduta impera numa sociedade consumista.
    Muitos valores se inverteram, outros nem sequer ficaram na memória.
    E assim caminha a humanidade nesta crença utópica, como fossemos bonecos impecáveis, poderosos e invencíveis.
    Mas com um pouco de otimismo, podemos ter esperanças, que um dia estas "vitrines" sejam demolidas pela incrível capacidade do raciocínio humano!
    Quem sabe ainda haja espaço para a solidariedade e o amor !
    Muito obrigada pela nobreza do seu comentário e pela sensibilidade que demonstrou ao interpretar este texto!
    Beijos com carinho.

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  10. @Luísa L.
    Realmente, ficamos a mercê dos podres poderes!
    Os perspicazes donos da razão, que controlam a grande maioria, por esta estar alienada, como você sabiamente citou: Uma sociedade sem estruturas sólidas.
    Sem bases na educação e na cultura, tende a se ofuscar com as banalidades as futilidades exposta pelas mídias.
    Também acredito em um futuro com mais dignidade e humanidade, mas concordo com você.
    Em longo prazo e com grande empenho nas boas e pequenas coisas que ainda nos permeiam!
    Obrigada pela presença e a excelência do seu comentário!
    Beijos

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  11. @José Sidney
    Concordo fomos de um extremo a outro em pouquíssimo espaço de tempo!
    Antes as técnicas dos tiranos nos conduziam à miséria, a tortura e outras barbáries!
    Excelente a sua comparação dos dias de outrora com a era atual.
    Onde estamos sendo conduzidos ao consumo exagerado e a exaltação dos ídolos fabricados pela mídia.
    Coisas tão simples nos fazem felizes, como o som de uma viola ou de um pandeiro...
    A elite talvez tenha uma cegueira espiritual, e isso impede a verdadeira busca pela felicidade...
    Amigo José, obrigada por compartilhar seus brilhantes e sábios pensamentos neste espaço!
    Beijos

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  12. Olá minha querida amiga,

    Mil perdões pelo atraso e ausência, mas aos pouquinhos estou retornando e não podia deixar de vir visitá-la :)
    Belíssimo texto ! Nos perdemos neste caos de vivências e sensações , escondemos muitas vezes quem somos, o que desejamos, massacramos nosso verdadeiro eu simplesmente para conseguir seguir com a maré e quando percebemos, não vimos a vida passar e além de tudo, esquecemos ou nos perdemos de quem realmente somos...
    Quanto mais cedo acordarmos para a consciência de que a vida é mais do que isso que fazemos dela , a tratando com mediocridade, mais perto de ter uma felicidade plena e verdadeira estaremos.
    Que nosso corações e almas não apodreçam nestas ilusões que nós mesmo criamos...
    Adorei, como sempre :)

    deixo um beijão marcial e lhe desejo um fim de semana cheio de alegrias :)

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  13. "No controle do cotidiano, acordamos com o remoto nas mãos e não percebemos que há vida lá fora..." - é bem por aí. Cada vez que tentamos controlar os eventos a vida nos leva de roldão em seus incompreensíveis tsunamis...
    a alegria não se esconde. Ainda está na espontaneidade dos gestos e no deixar acontecer...
    Grande abraço!

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  14. @Querida amiga Sam
    Não tem nada que se desculpar, você é bem vinda a qualquer momento!
    A sua interpretação dada ao tema, agregou muito valor ao artigo!
    Realmente, temos que recuperar a consciência, de que muitas vezes somos nós quem criamos estas ilusões que massacram nossa verdadeira essência.
    Por outro lado muitos se deixam levar por utopias que nada acrescentam para a vida e a felicidade!
    Fiquei muito feliz de te receber aqui, e saber que você está bem!
    Uma semana plena de paz e felicidades!
    Beijos com carinho!

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  15. @Profex.
    Sim a vida sempre nos revela surpresas!
    E não temos o controle de todos os fatos, podemos apenas viver com intensidade e sonhos possíveis!
    Obrigada pela presença e sábio comentário!
    Grande abraço!

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