08/10/2010

Felicidade Possível


Só quem está disposto a perder tem o direito de ganhar. Só o maduro é capaz da renúncia.
E só quem renuncia aceita provar o gosto da verdade, seja ela qual for.
O que está sempre por trás dos nossos dramas, desencontros e trambolhões existenciais é a representação simbólica ou alegórica 
do impulso do ser humano para o amadurecimento.
A forma de amadurecer é viver. Viver é seguir impulsos até perceber, sentir, saber ou intuir a tendência de equilíbrio que está na raiz deles (impulsos). A pessoa é impelida para a aventura ou peripécia, como forma de se machucar para aprender, de cair para saber levantar-se e aprender a andar. É um determinismo biológico: para amadurecer há que viver (sofrer) as machucadelas da aventura e da peripécia existencial.
A solução de toda situação de impasse só se dá quando uma das partes aceita perder ou aceita renunciar (e perder ou renunciar não é igual, mas é muito parecido; é da mesma natureza). Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a 
verdade de cada relação. E muitas vezes a verdade de cada relação pode estar na impossibilidade, por mais atração que exista. Como pode estar na possibilidade conflitiva, o que é sempre difícil de aceitar.
Só a renúncia no tempo certo devolve as pessoas a elas mesmas e só assim elas amadurecem e se preparam para os verdadeiros 
encontros do amor, da vida e da morte. Só quem está disposto a perder consegue as vitórias legítimas.
Amadurecer acaba por se relacionar com a renúncia, não no sentido restrito da palavra (renúncia como abandono), porém no lato 
(renúncia da onipotência e das formas possessivas do viver).
Viver é renunciar porque viver é optar e optar é renunciar.
Renunciar à onipotência e às hipóteses de felicidade completa, plenitude  é tudo o que se aprende na vida, mas até se descobrir que a vida se constrói aos poucos, sobre os erros, sobre as renúncias, trocando o sonho e as ilusões pela construção do possível e do necessário, o ser humano muito erra e se embaraça, esbarra, agride, é agredido.
Eis a felicidade possível: compreender que construir a vida é renunciar a pedaços da felicidade para não renunciar ao sonho da 
felicidade.
Artur da Távola

4 comentários:

  1. Olá minha querida amiga Alba!
    Excelente texto do Távola! Descreve bem essa trajetória da vida onde somos postos em provas constantes e tomadas de decisões que implicam em perdas para obtermos ganhos variados. Perder nem sempre significa a perda do insubstituível ou do essencial para a vida. Significa adaptar-se, dar espaço às novas conquistas. E somente quando nos permitirmos correr riscos (que envolvem perdas naturais), alcançamos a compreensão do necessário para a sobrevivência. Felicidade é possível quando paramos de nos ater em detalhes confusos e passamos a enxergar o todo. No plano maior contemplamos a verdadeira felicidade essencial para a vida.
    Grande beijo, minha rica e querida amiga!
    Adorei!
    Jackie

    ResponderExcluir
  2. Alba
    Nossa, como eu queria que uma pessoa lesse isso viu? "Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a verdade de cada relação. "

    A vida é assim, renúncias, escolhas, atalhos e saídas. O importante é arriscar sempre. Sem se importar com o resultado.

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Anônimo14:38

    Olá querida Alba !!!

    Maravilhoso texto do magnífico Artur da Távola !
    A vida é assim, sem renúncias e até alguns sacrifícios não é possível alcançar algo maior !
    Adorei ! Obrigada por compartilhar !!
    Um enorme beijo !

    ResponderExcluir
  4. É bem verdade que não estamos preparados para o lado negativo da vida, para os tombos, por isso, muitas vezes nos demoramos para levantar, alguns até nem levantam mais, mas o procedimento correto seria o da prevenção para os males que pudessem ser evitados o fossem e, quando acontecesse estivéssemos preparados.

    ResponderExcluir